Eleições 2024: a derrota da esquerda Brasil afora
São muitas as explicações para as derrotas da esquerda e centro-esquerda pelo País. As mais rasas, mas também aceitas, apontam que a esquerda ainda não compreendeu os novos meios de comunicar suas ideias para a sociedade. Enquanto isso, a direita — com seus estrategistas jovens — tem dominado as redes sociais, impondo narrativas, muitas vezes, com a utilização de desinformação e fake news. A agilidade da informação e a preguiça de checagem, aliadas ao discurso de descrédito das instituições, inclusive da imprensa, fazem com que a população forme opinião pelas redes sociais e não mais pelos meios tradicionais de comunicação.
Outro fator relevante, visualizado não só aqui, no estado gaúcho, mas em todo o País, é a postura das velhas lideranças partidárias de esquerda, hoje já vistas como ultrapassadas e, até mesmo, burocratizadas e arrogantes. Resultado dessa “velha política” é a insistência em candidaturas amplamente rejeitadas pelos eleitores, demonstrando que essas lideranças parecem estar mais preocupadas em manter o protagonismo político (do campo ideológico) a todo custo, mesmo que isso signifique entregar vitórias para a extrema-direita.
Além disso, uma ala da esquerda está cada vez mais focada no identitarismo radical, enquanto a luta de classes vai sendo deixada de lado. Em vez de uma agenda popular ampla, a disputa se restringe a nichos e à manutenção de espaços parlamentares, com o objetivo de garantir cargos e emendas. O discurso extremista e nichado garante eleição proporcional, mas afasta cada vez mais a esquerda da grande massa que espera alguém que a represente na busca de justiça social.
A lição que fica destas eleições é uma só: uma nova mensagem é necessária — ou, quem sabe, o que defendo, o resgate de uma velha fórmula de diálogo e defesa da população. O Trabalhismo, que levou o Dr. Getúlio Vargas e o povo ao poder, pode ser uma saída.
Recuperar as bandeiras do Trabalhismo de Vargas — como justiça social, desenvolvimento econômico e valorização dos trabalhadores — pode ser a chave para que a esquerda reconquiste as estruturas de governo e possa voltar a propor as transformações que a sociedade precisa. O povo quer comida na mesa, sim. Mas, também, quer alguém que o represente sem extremismos e com muita capacidade de diálogo.
Se a esquerda e a centro-esquerda não reconhecerem a urgência de renovar seus quadros políticos e de reformular a maneira de dialogar com o povo, os resultados tendem a se acumular em sucessivas derrotas.